terça-feira, 4 de janeiro de 2011

AUTOPSICOGRAFIA


O POETA é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
                            
                                Fernando Pessoa

Um comentário:

  1. Eduardo,

    Dizem que em algum momento de nossas vidas retomamos coisas inacabadas ou não resolvidas do nosso passado. Acho que a retomada de sua veia poética pode ser um desses momentos...
    Lembrando o início de minha adolescência e das coisas bonitas que você escrevia, posto o texto a seguir. Memorizei, na minha ingenuidade adolescente, pensando em declamá-lo para o moço que encontrasse a chave do meu coração.
    Esse tem mesmo quase 26 anos... É de 1985!

    "Saber que você existe
    É ter sempre na mente a esperança
    De um dia poder te beijar
    Te abraçar com paixão
    Sentir teu coração bater forte
    Seguindo as batidas do meu
    Sentir teu calor
    Vindo de dentro do peito
    Do fundo do teu ser".

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